quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

QUEM SÃO OS “FILHOS DE DEUS” EM JÓ 1.6? E POR QUE SATANÁS TINHA ACESSO ÀQUELA REUNIÃO? (J.M.C. – Maringá)

A expressão “filhos de Deus” aparece na nossa versão em português da Bíblia, ARC, vinte vezes.

No antigo Testamento, aparece duas vezes em Gênesis (6.2 e 4); e três vezes em Jó. No primeiro capítulo desse livro, no sexto versículo; e no segundo capítulo, no primeiro versículo “os filhos de Deus” comparecem em conselho à presença do Senhor. No capítulo trinta e oito, no versículo sete, aparecem esses “filhos de Deus” se rejubilando na presença do Senhor.

Provavelmente a interpretação mais sensata para estes “filhos de Deus” que aparecem em Jó é a de que eles seriam anjos. A idéia que o texto de Jó sugere é que eles seriam seres superiores ao homem e que constituiriam a corte de Jeová como conjunto de seres que compõe o seu governo real. Um argumento forte para essa interpretação é que esta era a forma tradicional que os eruditos judeus da Antigüidade viam estas personagens, tanto é que os setentas na Septuaginta traduziram essa expressão por “anjos de Deus”. A versão NTLH traduz o termo por “os servidores celestiais”.

O acesso de Satanás não é mostrado, no versículo em apreço, como algo explicitamente legítimo e prazeroso para a corte celestial. O escritor usa uma metáfora para que os seus leitores entendam. O texto mostra Deus como um rei, nos moldes da Antigüidade, em reunião com sua corte, como se esses “filhos de Deus” compusessem o conjunto de pessoas que formavam a nobreza do soberano e ajudasse a governar o seu reino com decisões colegiadas.

Entretanto, o acusador teria entrado a essa reunião como um espião, o que Deus por algum motivo permitira. Satanás, nos versículos subseqüentes, é um personagem equívoco, distinto dos filhos de Deus, cético em relação ao homem, ávido por encontrar nele alguma culpa, capaz de desencadear sobre ele toda a espécie de infortúnios e até arrastá-lo ao mal. Torce para que Deus não tenha prazer na coroa da sua criação que é o homem. Além de cínico e pessimista, odeia o ser humano por ter motivos para invejá-lo.

Ainda quanto ao acesso que Satanás teve àquela reunião, vale lembrar a consideração feita pelo conselho editorial da Bíblia de Estudo Pentecostal, no comentário desse versículo. Para aqueles teólogos, antes da morte e da ressurreição de Cristo, Satanás tinha acesso vez por outra à presença de Deus, quando então questionava a sinceridade e retidão dos fiéis, conforme vemos em Apocalipse 12.10.

Em contra partida, na nova aliança, a Bíblia não declara em nenhum lugar que Satanás tem acesso direto a Deus, embora ele continue telepática e mentalmente acusando os crentes. Mas, os servos de Deus podem eliminar tais acusações por meio da fé no sangue de Cristo, por meio de uma boa consciência e através do apego à Palavra de Deus.

ROBSON BRITO, Serve a AD de Maringá como Pastor Presidente.

sábado, 22 de dezembro de 2007

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QUAL O PLANO QUE O SENHOR TEM PARA A ASSEMBLÉAI DE DEUS DE MARINGÁ? (V.B. - Maringá)

Irmã V., por força de expressão um pastor deve ter um plano para igreja realmente. Mas, se aprofundarmos a questão, é preciso ponderar que não é um pastor que traça um plano para uma igreja local. A igreja é de Deus, foi fundada por Cristo e é movida pelo Espírito Santo. O que tenho, na verdade, é a consciência da missão de nossa igreja (a A. D. de Maringá). Entretanto, quando assumi a igreja, esforcei-me para que os líderes da igreja chegassem por si mesmos, em um reunião que realizamos, à Missão da igreja. Esta Missão Deus colocara muito claramente em meu coração quando pedi sua direção nesse sentido.

Todavia, antes de responder sua pergunta irmã V., permita-me compartilhar uma história: Em uma perigosa costa marítima havia um pequeno posto de salvamento. Os membros desta unidade eram poucos, mas muito dedicados. Várias vidas foram salvas por eles. Com o tempo o posto foi crescendo e se sofisticando, mas a vontade de sair ao mar para salvar pessoas diminuiu. Um dia aconteceu um grande naufrágio e muitas pessoas foram salvas, mas o posto ficou todo sujo. Por causa disso, alguns membros propuseram o encerramento das atividades de salvamento, enquanto que outros argumentaram que se tratava de um posto de salvamento e, portanto, esta deveria continuar sendo sua atividade principal. Como não houve acordo, parte do grupo abriu um novo posto mais abaixo naquela mesma encosta. Com o passar dos anos o novo posto de salvamento passou pelas mesmas transformações, tanto que hoje em dia encontram-se vários clubes exclusivos ao longo daquela praia. Pessoas continuam naufragando, mas não há quem as salve.

Essa história é narrada no livro "Aconselhamento Pastoral", de Howard J. Clinebell. A partir dela, penso nas igrejas e, especialmente, na qual sirvo a Deus. Será que algumas denominações cristãs, por sinal muito bem estruturadas, não estão correndo sério risco de se tornarem irrelevantes para um grande número de pessoas na pós-modernidade, principalmente no que diz respeito ao atendimento a necessidades em situações cruciais de sofrimento pessoal e para a sociedade de modo geral? A impressão é que este risco é real.

Foi para tratar sobre isso que mais de 500 homens e cerca de 200 mulheres que ajudam a liderar a Igreja Evangélica Assembléia de Deus na região de Maringá, formada por pentecostais de 14 municípios do Campo Eclesiástico de Maringá se reuniram em Assembléia, no último 21 de agosto para construírem uma declaração missionária que pudesse motivar a ação desses assembleianos de toda a região de Maringá nos próximos anos. Assim, apegamo-nos a várias passagens bíblicas, especialmente, a do Grande Mandamento e da Grande Comissão; analisamos os Índices de Desenvolvimento Humano de nossa região; bem como outros dados relevantes fornecidos pelo IBGE.

Dessa forma, no poder do Espírito Santo e debaixo de oração, resolvemos não agir motivados unicamente por tradições, por qualquer que sejam as personalidades, nem por finanças, nem por nenhuma pessoa em particular ou por quaisquer programas; mas sim, deliberamos agir à luz das intenções para as quais Deus estabeleceu as igrejas locais no Novo Testamento. Por isso, nossas cinqüenta e duas congregações da região de Maringá estarão orando e jejuando, nos próximos quarenta dias ao Senhor, para que possam planejar metas de trabalho para serem instrumentos de Deus para servir a Deus e ao próximo, de modo relevante.

Para tanto, esses mais de 700 voluntários definimos juntos uma declaração missionária que estabelece:


"A Assembléia de Deus na região metropolitana de Maringá existe para agir no poder do Espírito Santo, para resgatar vidas, introduzi-las na família de Deus, motivá-las à maturidade com Cristo em todas as dimensões do ser humano, desafiá-las a encontrar seus dons e talentos bem como para honrar a Deus com suas vidas".

Que Deus nos ajude a cumprir, pela sua graça, estes santos propósitos!

Robson Brito serve a Assembléia de Deus de Maringá como pastor presidente.


A BÍBLIA SAGRADA É CONTRA A FILOSOFIA? (M. P. – Rio de Janeiro)

É preciso tentar conceituar o que seja Filosofia. Esta expressão significava, no período pré-socrático (séc. VII-V a.C.), segundo Heráclito, o estudo teórico da realidade, o saber do sábio, amor e conhecimento do lógos “verbo, palavra”, que tudo rege e unifica, em contraposição à polymathía, polymátheia “saber de coisas desconexas, saber que não ensina a ter compreensão”.

Etimologicamente, a palavra Filosofia é composta de dois radicais gregos: filo e sofia. Entende-se pelo termo “filo” amigo ou amante, aquele que deseja e se compromete afetuosamente e incondicionalmente a outrem em atitude de amor e lealdade. Por sua vez, a expressão “sofia” é sabedoria, que para o povo grego da antigüidade era algo divino, que era revelado aos mortais pelos deuses. Para os gregos antigos, a sabedoria não era adquirida por mérito, mas por dádiva dos deuses.

O estudiosos comentam muito sobre o perigo de se fazer reducionismo da amplitude da Filosofia quando se tenta conceituá-la. Entretanto, a partir dos sentidos etimológicos, podemos tentar construir uma idéia sobre o que possa vir a ser a Filosofia em três dimensões.

Primeiro, o aspecto racional da filosofia é a razão em movimento na busca de si mesma. Nesse sentido, ela nasce quando o povo grego quis pensar além do que o senso comum criativo e supersticioso dizia sobre seus deuses, sobre a alma e sobre o universo. Em segundo lugar, vemos o sentido apaixonado da Filosofia. Nessa dimensão é que o filósofo antes de tudo é um amante da sabedoria. Há quem defenda que o que move o mundo não é a razão, mas a paixão, pois toda atitude humana, inicialmente é passional. Por fim, podemos dizer que Filosofia é Mito, pois com ela se busca verdade velada. Só pensamos naquilo que cremos, e só cremos naquilo que queremos. Sem mito não há Filosofia, pois ela cria ícones possíveis do mundo das idéias.

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, na dimensão metafísica, Filosofia é o conjunto de especulações teóricas que compartilham com a religião a busca das verdades primeiras e incondicionadas, tais como as relativas à natureza de Deus, da alma e do universo, divergindo entretanto da fé por utilizar procedimentos argumentativos, lógicos e dedutivos.

Nesse sentido, de um lado, quando a Filosofia arrogantemente quiser ser senhora da Bíblia, a Palavra de Deus a recriminará. Por outro lado, à medida que a Filosofia se submeter à posição de serva da Bíblia, ela até será uma ferramenta para consolidar as verdades de Deus, da alma e do universo.

A indagação se a Bíblia é contra a Filosofia foi muito debatida na era racionalista e entre os filósofos românticos. A questão era: “Pode a fé se relacionar com a razão?” E as opções foram: Fé acima da razão, Platonismo. Razão acima da fé, Racionalismo. Razão e fé em eqüidade, Aristotelismo tomista.

É preciso que se diga que a filosofia é uma espécie de faculdade do ser humano, somos seres filosóficos, não se pode abortar esse aspecto da natureza humana e foi Deus quem nos criou assim. Porém, o Senhor, que é sábio (Sl 147.5, Sl 104.24), não quer que o seu povo estude a sabedoria como mero meio de especulação teoria e debate (é o que se infere de 1 Co 3.18-23).

O homem que quer aprender a sabedoria de Deus avalia tudo à luz da eternidade. E o Senhor deseja que participemos de sua sabedoria e de seu conhecimento a fim de podermos conhecer os seus planos a nosso respeito, para podermos viver no centro de sua vontade (Cl 2.2,3). Portanto, se a atitude filosófica reconhecer a supremacia da sabedoria de Deus, nunca a Bíblia Sagrada lhe será contra.

Robson Brito serve a Assembléia de Deus em Maringá como Pastor Presidente

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Como reagir ao Terrorismo? (W. M. A - Paraná)

W., antes de responder sua pergunta, lembro-me de uma história trágica:

''Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?'' Essa foi a pergunta feita por uma indefesa vítima do terrorismo, uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que trocava os curativos de seus dois cotos de braços. Era uma criança linda, de quatro anos, a face da inocência martirizada e que em seu sofrimento não conseguia imaginar a extensão do mal que lhe haviam feito. Não entendia e ainda tinha esperanças. O pior é que esse não era um caso isolado, pois milhares de crianças daquele país foram selvagemente aleijadas.
Esse exemplo, dentre milhões, de gente inocente que foi mutilada, neurotizada ou morta pelo terrorismo ou pelo imperialismo das grandes potências mundiais (que não deixa de ser uma forma de terrorismo), em todas as partes do globo, pode ser caracterizado com uma designação: covardia!

A prática do terror como instrumento de ação ideológica (política e, infelizmente, até religiosa) procura alcançar pelo uso da violência objetivos que poderiam ou deveriam cometer-se ao exercício legal da vontade política ou pela comunicação de uma doutrina.

O terrorismo caracteriza-se, antes de tudo, pela indiscriminação das vítimas a atingir, pela generalização da violência, visando, em última análise, a liquidação, desativação ou retração da vontade de combater do inimigo predeterminado, ao mesmo tempo em que procura paralisar também a disponibilidade de reação da população.

O desejo natural do ser humano quando sofre um ato de violência é revidar com outro ato de violência, infelizmente, até nós cristãos assumimos esse comportamento. E até nações que se dizem cristãs usam da vingança como reação ante ao que julgam injustiça. Mas, frente aos muitos atentados terroristas que o mundo tem sido vítima, o que Jesus Cristo tem a dizer para nós a esse respeito?

O Redentor nos lembra que Ele é o “príncipe da paz” (Is 9.6c); que, quando nasceu, os anjos glorificavam ao Senhor com uma mensagem de paz (Lc 2.14); que o Espírito inspirou o sacerdote Zacarias para compor um hino (Lc 1.67-79) que poetizava que Jesus dirige os nossos pés por caminhos de paz (Lc 1.79); que deu Sua vida para trazer a paz universal no sentido mais amplo possível, tanto na terra, como nos lugares celestiais (Ef 2.14-16; Cl 1.20).

Jesus também nos fará lembrar que quem é Seu discípulo deve seguir a paz (Sl 34:14); fará recordarmos que os que promovem a paz têm a promessa de terem alegria (Pv 12.20). O Senhor nos garante em sua palavra que quando temos uma atitude que O agrada, Ele faz com que até nossos inimigos tenham paz conosco (Pv 16:7). Acima de tudo, Cristo voltará a nos dizer: “Bem aventurados os pacificadores!” (Mt 5.9).

Mas o que é ser um “pacificador”? Não é simplesmente sermos dotado de natureza pacífica, calminha; não é simplesmente aceitarmos a paz sem protesto; não se trata de apenas proferirmos a paz ao invés do desacordo; muito menos, não é simplesmente termos a paz na alma, com Deus, desligando-nos do mundo ao nosso redor.

Ser “pacificador” para Jesus é na verdade ter o caráter de promover ativamente a paz e procurar estabelecer a harmonia entre os inimigos. Ser um “pacificador” é crer convictamente que não existe guerra justa, nem guerra santa; é entender que toda guerra é perversa e contrária à vida e ao desígnio do Criador.
As vinganças existem porque os seres humanos estabelecem entre si concorrência em vez da cooperação, há a vontade de dominar os outros porque cada qual se julga melhor. Mas, quando permitimos que o fruto do Espírito seja produzido em nosso ser, começamos a cuidar do nosso próximo, mesmo que ele nos ofenda. Não entramos no ciclo vicioso da agressão, pois passamos a assimilar a verdade de que violência gera mais violência, mas o amor aniquila o terror, pois a Palavra de Deus garante que “o amor é mais forte do que a morte!” (Ct 8.6).


Um braço, na paz do Senhor! - Pr Robson Brito